Novas tecnologias de obtenção de dados geoespaciais.

Levantamento e Processamento dos Dados de Relevo, com Aplicação da Tecnologia a Laser Aerotransportada (Área Emersa e Submersa) - Plataforma Continental Rasa de Alagoas

Luiz Paulo Moura, LASA Prospecções

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) começou o levantamento batimétrico e a faciologia de sedimentos de fundo na Plataforma Continental Rasa do Brasil, utilizando tecnologia a laser, a mais moderna empregada em mapeamentos do fundo marinho. Trata-se do primeiro trabalho com uso dessa tecnologia na América do Sul em águas marinhas. A área escolhida foi o mar de Alagoas e posteriormente serão realizadas pesquisas no Arquipélago de Fernando de Noronha.

As pesquisas com a técnica de Airborne Laser Bathymetry, batimetria (ALB) laser aerotransportada consolidaram-se no levantamento hidrográfico com tecnologia de última geração disponível no mercado mundial. A técnica se distingue do método de levantamentos clássicos com o uso das embarcações marítimas, apresentando resultados integrados de profundidade do oceano (batimetria), incluindo a topografia da parte emersa (praia) e os tipos de sedimentos.

A pesquisa foi iniciada no dia 14 de outubro com uma campanha para a aquisição do índice de turbidez da água através do secch depth, especialmente em decorrência da última enchente ocorrida no Estado de Alagoas, que ocasionou a descarga de muito sedimento para o oceano.

Entre os dias 20 de novembro de 2010 e 07 de fevereiro de 2011, foram realizados voos, cobrindo aproximadamente 5.030 km2 do território marinho, para realizar o levantamento batimétrico de precisão. O trabalho foi executado a partir de nova metodologia de elevada complexidade, aplicada em áreas de águas rasas até a profundidade de 30 metros de lâmina d‘água, podendo atingir os 50 metros. Os dados obtidos serão encaminhados a Marinha do Brasil.

A escolha do nordeste brasileiro como região inicial da pesquisa se deu por apresentar a maior concentração de carbonatos biogênicos de alto potencial econômico, além de ser a região com maiores problemas de erosão de costa. A plataforma do nordeste do Brasil é chamada na literatura de faminta em decorrência do déficit de sedimentos, especialmente em função das barragens, e que causa erosões na praia, desencadeando a necessidade de material sedimentar para recuperação das praias, através da técnica de engordamento.

No projeto Plataforma Rasa de Alagoas será acrescentado um novo produto, pouco antes gerado em outros países, que será a classificação dos sedimentos de fundo (seabed classification) o que permitirá a obtenção ao mesmo tempo do relevo de fundo, associado ao tipo de sedimento, gerando um mapa de faciologia.

A aquisição dos dados é feita através do sistema SHOALS Lidar 1000 T e a análise e classificação do imageamento de fundo com o software Rapid Environmental Assessment (REA). Representa a última geração em sistemas marinhos do tipo “Lidar”, sendo, entre os instrumentos, o mais leve, rápido e menor disponível no mercado. Tem como vantagem o fato de poder ser operado ao mesmo tempo no modo batimétrico (adquirindo 1.000 sondagens por segundo) e topográfico com 10.000 medidas de elevação do terreno por segundo. Isto significa a cartografia simultânea da terra e do mar com o mesmo sistema.

Os estudos concentram-se especialmente nos sedimentos calcários de alga vermelha coralínea, conhecida como Lithothamnium, cuja explotação e industrialização ainda se concentra na região de Bretanha (França), onde é chamado de maërl. A importância do calcário marinho reside na sua diversidade de aplicações como nutrição animal, dentro da medicina veterinária no reforço da estrutura óssea e agente antiinfeccioso, na piscicultura e ostreicultura como agente na aceleração do crescimento e alimentação e nas indústrias de cosmético e farmacologia, além da correção do ph do solo, sendo mais eficaz que o calcário terrestre, devido a sua maior porosidade que aumenta sua capacidade de absorção de água, nitrogênio e micronutrientes, favorecendo a vida bacteriana no solo.

O trabalho faz parte do Programa de Geologia do Brasil, que tem executado a cartografia da Plataforma Continental Rasa ao longo de toda a costa do Brasil, com recursos do Programa de aceleração do Crescimento (PAC), e está dentro do contexto do Programa de Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Jurídica Brasileira (Remplac), criado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm).

A geração dessas informações e dados e a consolidação de métodos nas pesquisas em áreas marinhas rasas, são fundamentais para a tomada de decisão por parte de órgãos governamentais, e empresas, públicas e privadas, em relação às atividades de exploração mineral e gestão ambiental da Plataforma Continental Jurídica Brasileira.


IDEs Colaborativas

Rogerio Luis Ribeiro Borba, IBGE/DGC

Infraestrutura de Dados Espaciais (IDEs) contribuem com o  desenvolvimento e melhoria de diversos aspectos do País. Na era da ubiquidade, da Cloud Computing, do Big Data, das redes sociais, da mudança de comportamento da sociedade, que antes era apenas receptora da informação passando a ser também produtora, é preciso que as IDEs modernas estejam alinhadas com essas novas perspectivas.  Neste artigo é feita uma análise de tecnologias colaborativas que podem ser usadas para apoiar ambientes de IDEs. Além disso, é  apresentado um arcabouço tecnológico alinhado com IDEs de terceira geração para o cenário brasileiro.