ST4

Perspectivas pós 2020

Potencialidades e desafios na utilização de registros administrativos e imagens noturnas de satélite para a realização de estimativas populacionais municipais intercensitárias no Brasil

Luiz Felipe Walter Barros - IBGE

Um dos grandes desafios deste início do século XXI tem sido, para muitos países, a manutenção de informações precisas e atualizadas sobre os totais populacionais nos diferentes níveis geográficos. Apesar de a maioria dos países ainda não contar com registros administrativos (RA) que permitam a realização de levantamentos censitários com base nesse tipo de informação, muitos estudos sugerem que o uso desses dados pode ser de grande utilidade para a atualização populacional no período intercensitário. Paralelamente, vários estudos têm produzido resultados otimistas quanto à possibilidade de utilização de dados de sensoriamento remoto para estimar a população em pequenas e grandes áreas, especialmente com a utilização de imagens noturnas de satélite (INS). Nesse contexto, o objetivo desse estudo foi analisar as potencialidades e identificar os desafios na utilização de dados de RA e de INS para o cálculo das estimativas populacionais municipais no Brasil no período intercensitário, buscando-se avaliar o poder de predição e os diferenciais regionais desses dois tipos de informação para a realização das estimativas da população total de cada município. Tomando-se como referência o período 1990-2010 e partindo-se de uma abordagem metodológica diferenciada, utilizando-se coeficientes angulares ponderados como proxies das taxas de crescimento linear anual das variáveis sintomáticas (VS) e da população, foram realizadas análises transversais, longitudinais e ajustados modelos de regressão linear múltipla. A partir dessas análises, ficou evidente que os dados oriundos das INS apresentam menor potencial para a predição das variações populacionais do que os dados tradicionalmente utilizados provenientes dos RA. Além disso, verificou-se que os diferenciais de cobertura e qualidade dos RA e sua variação no tempo, assim como mudanças na estrutura etária da população, podem impactar negativamente o desempenho destes dados para predizer as variações populacionais, fazendo com que estimativas realizadas pelo método AiBi sejam mais próximas dos resultados do censo do que aquelas provenientes de métodos que utilizam VS, desde que se utilize dados de uma contagem populacional no meio da década. Assim, contrariando as tendências recentes de utilização de dados de fontes externas para realização de censos ou mesmo para a manutenção das cifras populacionais atualizadas, os resultados desse estudo indicam que as dimensões continentais e as desigualdades regionais do país, os diferenciais de qualidade e cobertura dos RA e a própria dinâmica demográfica da população se constituem em grandes desafios para a utilização desses dados para a realização de estimativas populacionais municipais no período intercensitário.

Integração de dados censitários: a experiência de Portugal e possibilidades para próxima rodada do censo brasileiro

Raphael Soares de Moraes - IBGE

A partir de uma visita técnica realizada pelo IBGE, pretende-se apresentar o que o INE de Portugal tem feito nos últimos anos em relação ao processo de transição para um censo baseado em registros administrativos, os principais desafios e futuras perspectivas. No contexto internacional, observa-se um crescente movimento de migração para um modelo censitário combinado e administrativo, que exigem cada vez mais a construção de mecanismos legais de cooperação institucional, aprimoramento de tecnologias de integração e discussão perante a sociedade. Nesse esforço, faz-se necessário que o IBGE proponha novas possibilidades que viabilizem de forma mais eficiente as futuras propostas de transição para um novo modelo administrativo. Com a visão de médio e longo prazo dos avanços tecnológicos, torna-se fundamental o estudo dessas novas alternativas diante das novas demandas por informações pela sociedade.

Telefonia móvel como fonte de dados para estudos de população

Maria do Carmo Dais Bueno - IBGE

Dentre as diversas fontes de Big Data, os dados oriundos de telefonia móvel foram dos primeiros a serem explorados em análises sociais e geográficas, sendo que existem estudos que remontam ao início dos anos 2000.

Duas grandes vantagens podem ser vislumbradas na utilização de telefonia móvel como fonte de dados para estudos de população: ampla disseminação da sua utilização e o fato de que as pessoas trazem o telefone móvel com elas todo o tempo e em funcionamento, sendo, por isso, o dispositivo ideal para estudos de mobilidade.

Um dos grandes problemas existentes hoje, com relação à utilização de dados de telefonia móvel, é a aquisição desses dados junto às operadoras, tendo em vista as questões de privacidade e de sigilo comercial, além da visão empresarial relacionada com a oportunidade de gerar lucro com a comercialização desses dados.

Diversos pesquisadores e institutos de estatística têm realizado estudos e testes com esses dados e apresentaremos alguns deles mais diretamente relacionados com Censos de População, a saber: estimativas de população (população “dia” e população flutuante) e movimentos pendulares.