Na manhã desta sexta-feira (05), a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE), em Salvador (BA), recebeu a mesa “Unidades de Conservação, pesquisas ecológicas, coleções biológicas e o suporte às políticas públicas sustentáveis: 50 anos da Reserva Ecológica do IBGE”. O debate foi organizado pela Gerência da Reserva Ecológica do IBGE, da Superintendência Estadual do IBGE no Distrito Federal.
A mesa reuniu os palestrantes Mauro César Lambert de Brito Ribeiro (Gerente da Reserva Ecológica do IBGE – SES/DF) e Leonardo Lima Bergamini (Reserva Ecológica do IBGE – SES/DF), com moderação de Eric Oliveira Carvalho, curador do Herbário RADAMBRASIL (SES/BA – GMAG). Participaram remotamente Iara Carneiro (Analista Ambiental – ICMBio) e Fernando da Costa Pinheiro (Analista em C&T – CNPq).
Durante a abertura, Eric Oliveira agradeceu a oportunidade de integrar o evento e destacou a relevância do debate para a gestão da biodiversidade e da ecologia. Em seguida, tiveram início as palestras, começando pelos participantes remotos.
A analista Iara Carneiro, do ICMBio, apresentou o Programa Monitora – Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade, realizado em Unidades de Conservação (UCs). Ela explicou que o objetivo é produzir dados de longa duração para acompanhar o estado da biodiversidade. Para isso, o programa realiza avaliações sobre a efetividade das UCs na conservação dos ecossistemas, sobre o uso sustentável dos recursos naturais e o estado de preservação das espécies. Dividido em três subprogramas (Terrestre; Aquático Continental; e Marinho e Costeiro), o Monitora já foi implementado em 126 unidades.
“Nosso foco é a transparência, publicidade e integração. Consolidamos a produção de dados ecológicos com escala nacional, protocolos padronizados e dados contínuos”, informou Iara. Ela acrescentou que a iniciativa representa “o maior monitoramento da biodiversidade in situ da América Latina”, destacando ainda o papel das UCs como sítios permanentes de produção de dados e redes territoriais permanentes de indicadores biológicos.
Na sequência, o analista do CNPq, Fernando da Costa, apresentou informações sobre o fomento à pesquisa na área de biodiversidade, com ênfase nos programas temáticos Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) e REFLORA. Ele explicou que o PELD constitui uma rede nacional de sítios de pesquisa ecológica de longa duração, dedicada ao estudo contínuo dos ecossistemas brasileiros. Ao todo, são 55 sítios distribuídos entre biomas e regiões marinhas, em áreas sem perturbação antrópica (humana).
“O IBGE faz parte dessas ações, contribui e participa desde o início da implementação desse sítio no Cerrado. A gente tem o Projeto Fogo, por exemplo, que foi fundamental para o avanço do conhecimento sobre a dinâmica desse bioma”, ressaltou.
Fernando também abordou o Programa REFLORA, lançado em 2010 e ainda ativo, embora sem editais recentes. A iniciativa reúne parceiros nacionais e internacionais para produzir conhecimento e apoiar a conservação da flora brasileira. Um dos marcos foi a criação do Herbário Virtual Reflora, em 2013, que disponibiliza amostras históricas de coleções nacionais e estrangeiras. Atualmente são 86 coleções publicadas, incluindo o herbário do IBGE, que possui 82.957 exsicatas para consulta (disponível em: https://reflora.jbrj.gov.br/reflora/PrincipalUC/PrincipalUC.do?lingua=pt)
Em seguida, Leonardo Bergamini apresentou reflexões sobre a necessidade de integrar informações de biodiversidade à produção estatística nacional. Ele apontou que os desafios ambientais contemporâneos exigem conhecimento científico para orientar decisões tanto no setor público quanto no privado. Bergamini também mencionou diretrizes, convenções e indicadores (nacionais e internacionais) utilizados no monitoramento ambiental, destacando o papel do IBGE.
“É muito feliz que, no Brasil, a gente tenha um órgão de estatística junto com a geografia. A gente tem essa capacidade técnica preparada para lidar com as questões geoespaciais”, declarou. Ele defendeu maior articulação entre instituições para otimizar a produção e a sistematização de informações ambientais.
Logo depois, o gerente da Reserva Ecológica do IBGE, Mauro César Lambert de Brito Ribeiro, iniciou sua fala afirmando que “a biodiversidade é a moeda capital da vida”. Lambert apresentou um panorama da gestão e das iniciativas desenvolvidas na Reserva Ecológica (RECOR), e ressaltou a sustentabilidade dos ecossistemas como componente essencial para o bem-estar humano. Segundo ele, já foram realizados mais de 700 projetos e produzidos 1.400 trabalhos científicos na Unidade de Conservação do IBGE sobre o bioma Cerrado.
“A gente tem coleções científicas, como o Herbário, que tem parcerias em todo o mundo. Somos o primeiro sítio que produz dados de longa duração referência para o bioma Cerrado”, afirmou. O gerente enfatizou, ainda, a importância do manejo científico, das atividades de ensino, pesquisa e extensão, e alertou para os desafios decorrentes da expansão urbana.
“Devemos manter a reserva com o máximo de saúde para que seja um local de referência (...) Agir intensamente para manter o lugar intacto. Eu queria deixar um recado: precisamos renovar mais parcerias, para que daqui 50, 100 anos continuemos falando da Reserva”, concluiu. Após as apresentações, foi aberto espaço para perguntas e trocas entre os participantes.
Mais sobre o evento
A Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) é o maior evento nacional de estatísticas e geociências e um dos mais importantes do mundo nessa área. O encontro tem por objetivo ampliar o diálogo do Instituto com a sociedade, aproximando produtores e usuários de dados e estatísticas produzidos pelo IBGE, bem como avaliar os processos de produção, disseminação e de utilização de informações de natureza estatística e geográfica, visando revisar e aperfeiçoar o Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas – PGIEG. Pela primeira vez, a conferência mais importante do IBGE — organizada desde 1968 — será realizada fora do Rio de Janeiro, em um momento em que o Brasil e o mundo passam por uma mudança nas bases da inovação.
Essa retomada faz parte de uma série de ações transversais de reposicionamento do IBGE como protagonista da governança das geociências e estatísticas, além da interface com os desafios do Estado e da iniciativa privada na busca por informações oficiais históricas, do presente e capazes de antecipar o futuro.
Organizada pelo IBGE, com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), do Senai Cimatec, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da União dos Municípios da Bahia (UPB), a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) tem patrocínio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e do Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).
Serviço:
Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE)
Tema: Uma proposta de Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas (PGIEG) para o Desenvolvimento do Brasil na Era Digital, no período entre 2026 e 2030.
As mesas internacionais terão tradução
Data: 3 a 5 de dezembro, em Salvador (BA)
Local: Instalações do SENAI Climatec e do SESI
Endereço: Av. Orlando Gomes, 1845 – Piatã.