Mesa Final "Novos pesquisadores e a Era Digital" trata da permanente necessidade de qualificação e atualização dos servidores do IBGE

Bruno Malheiros, da Coordenação de Recursos Humanos do IBGE, falou da fluência de dados como competência desejada

"Novos pesquisadores e a Era Digital" foi o tema da mesa final, ocorrida na manhã desta sexta-feira (05/12), na Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados CONFEST/CONFEGE em Salvador, Bahia. A mesa teve como palestrante Bruno Malheiros, da Coordenação de Recursos Humanos do IBGE, e como moderador José Daniel Castro da Silva, Coordenador-Geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI)/Coordenação de Comunicação Social (CCS) do IBGE.

José Daniel inicia o debate apresentando o contexto da digitalização e levanta a questão de quais são os elementos dos novos pesquisadores nesta era digital. Em sua resposta Bruno destaca três pontos principais. Primeiramente, a entrada de servidores jovens que, embora tenham formação acadêmica e sejam, em sua maioria, nativos digitais ou já bastante vinculados a este cenário, ainda têm pouca experiência de mercado e de serviço público. Bruno destaca que estes profissionais são fluentes no uso dos dados, mas que precisam se aperfeiçoar na produção e da crítica. Em segundo lugar, aponta o desafio de integrar a produção de informação estatística e geográfica, unindo a produção estatística com sua relação com o território. Por fim, aponta algumas das competências a serem desenvolvidas pelos novos pesquisadores: competências digitais, produção de informação, lidar com fake news e dilemas éticos, colaboração e utilidade para a sociedade, o que cria desafios para as instituições educacionais em todos os níveis.

Em seguida, Bruno se aprofunda em alguns aspectos importantes para a formação destes profissionais, como a transformação do ecossistema de dados com a dispersão e diversificação de produtores e das bases de dados. Ele destaca como isso muda a fronteira entre o usuário e produtor de dados: “Os usuários são coprodutores, mesmo que de forma não intencional”, afirmou. Ele também comenta sobre o desafio do IBGE de lidar com o esvaziamento do quadro de servidores e as ações mais recentes de recomposição, quer pelo Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), pelo Processo Seletivo Simplificado de servidores temporários e pela expectativa de contratação direcionada para atuação no 12º Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola.

Na sequência, José Daniel abriu para questões da plateia. Helvécio, servidor aposentado do IBGE em Minas Gerais apresentou sua preocupação com o avanço da tecnologia e da informação e as questões de desenvolvimento humano. Ele destacou como muitas pessoas perdem oportunidades por não ter facilidade com a tecnologia, e questiona como o IBGE lida com isso em termos de desenvolvimento de recursos humanos. Bruno reiterou a gravidade da questão indicando que não é uma realidade apenas para instituições públicas. Do ponto de vista da administração, ele destacou que a digitalização de processos e a incorporação de uma série de ferramentas digitais nos últimos anos agilizou e tornou mais precisa a gestão. No entanto, há um desafio de equilibrar a agilidade e eficiência não excluindo ninguém - em particular perfis como aposentados e novos servidores. 

José Daniel acrescenta ao debate a valorização da fonte dos dados, especialmente em tempos de uso massivo de ferramentas de inteligência artificial, além de questões de soberania digital. Ele enfatiza o poder de um órgão como o IBGE que tem conteúdo exclusivo, oficial e determina o timing da divulgação dos dados, mas também o custo de sua operação que precisa ser reconhecido. 

Da plateia, Pedro Andrade, servidor do IBGE no Piauí, aponta o desafio de digitalização da coleta dos dados em campo. Bruno lembra que este é um desafio estrutural do país em relação à educação, além da dificuldade de entendimento da população no papel da coleta e da produção das informações. Ele indica que há oportunidades de pensar estratégias educacionais para os informantes e os usuários, assim como de revisar as formas de coleta e busca de fontes alternativas dos dados. José Daniel acrescentou a importância de levar as informações a estes informantes e usuários, e não apenas ir a campo em busca dos dados. 

Marlene Moreira, servidora aposentada do IBGE no Maranhão e integrante da Direção Nacional do Sindicato, também destacou a importância de incluir os aposentados nas estratégias de qualificação dos servidores, especialmente no que se refere às competências da era digital. Neste sentido, Bruno reforça que os servidores do IBGE devem buscar treinamento em processos e metodologias da instituição, de modo que tanto a experiência dos antigos quanto a Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) são fundamentais para a qualificação do quadro.

Por fim, Walter Pinheiro, diretor de Relações Institucionais do Senai Cimatec, registrou como é fundamental uma estrutura pública de produção de dados para o planejamento estratégico do país, destacando a valorização do servidor público. Ele afirmou que serviço público é o que alcança para atender o cidadão e os lugares, e que os dados chegam em forma de políticas e serviços públicos para os cidadãos.   

A mesa se encerrou com Bruno e José Daniel reforçando a importância de uma formação técnica e científica consistente, visando novas profissões digitais voltadas para o desenvolvimento do Brasil e do mundo.

A Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) é o maior evento nacional de estatísticas e geociências e um dos mais importantes do mundo nessa área. O encontro tem por objetivo ampliar o diálogo do Instituto com a sociedade, aproximando produtores e usuários de dados e estatísticas produzidos pelo IBGE, bem como avaliar os processos de produção, disseminação e de utilização de informações de natureza estatística e geográfica, visando revisar e aperfeiçoar o Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas – PGIEG.
 
Pela primeira vez, a conferência mais importante do IBGE — organizada desde 1968 — será realizada fora do Rio de Janeiro, em um momento em que o Brasil e o mundo passam por uma mudança nas bases da inovação. Essa retomada faz parte de uma série de ações transversais de reposicionamento do IBGE como protagonista da governança das geociências e estatísticas, além da interface com os desafios do Estado e da iniciativa privada na busca por informações oficiais históricas, do presente e capazes de antecipar o futuro.

Organizada pelo IBGE, com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), do Senai Cimatec, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da União dos Municípios da Bahia (UPB), a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) tem patrocínio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).

Serviço: 
Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) 
Tema: Uma proposta de Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas (PGIEG) para o Desenvolvimento do Brasil na Era Digital, no período entre 2026 e 2030. 
As mesas internacionais terão tradução. 
Data: 3 a 5 de dezembro, em Salvador (BA) 
Local: Instalações do SENAI Cimatec e do SESI 
Endereço: Av. Orlando Gomes, 1845 – Piatã.