Mesa sobre “Sistemas Conectados” reuniu especialistas nacionais e internacionais e discutiu integração de dados e inovação

Alfatihah Reno, estatística da Badan Pusat Statistik - BPS (Statistics Indonesia), faz apresentação no primeiro dia da CONFEST/CONFEGE

Na tarde desta terça-feira (03/12), o tema “Sistemas Conectados: Experiências de Integração de Dados” foi debatido durante a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados – CONFEST/CONFEGE, em Salvador (BA). A mesa, organizada pela Diretoria de Geociências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve como palestrantes Leonardo Scharth Loureiro Silva, Al Fatihah Reno, Carla Bernadete Madureira Cruz, Heriberto Tapia e como moderadora Maria do Carmo Dias Bueno.

A Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) é o maior evento nacional de estatísticas e geociências e um dos mais importantes do mundo nessa área. O encontro tem por objetivo ampliar o diálogo do Instituto com a sociedade, aproximando produtores e usuários de dados e estatísticas produzidos pelo IBGE, bem como avaliar os processos de produção, disseminação e de utilização de informações de natureza estatística e geográfica, visando revisar e aperfeiçoar o Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas – PGIEG.

O coordenador adjunto de Cartografia do IBGE, Leonardo Silva, destacou a importância do Comitê de Especialistas das Nações Unidas em Gestão da Informação Geoespacial Global (UN-GGIM), grupo internacional que reúne países para discutir e aprimorar o uso de informações geoespaciais, promovendo a interoperabilidade dos dados. O Comitê apoia os governos na definição de diretrizes e na tomada de decisões conjuntas sobre o uso dessas informações em políticas nacionais e globais.

As estatísticas precisam ser acessíveis e adequadas ao uso, gerando confiança nos usuários para que as decisões sejam baseadas em evidências. Dados salvam vidas antes e depois de eventos”, afirmou Silva.

Experiências internacionais no uso de dados

Alfatihah, da BPS Statistics Indonesia, apresentou a experiência do país na análise de dados de turismo e movimento pendular, utilizando integração de dados móveis com geolocalização, pesquisas digitais complementares e contexto geoespacial. “Essa combinação se transforma em estatísticas aplicáveis, que podem ser disponibilizadas em escala anual e até mensal”, explicou. Segundo ela, toda atividade no telefone gera registros, ou seja, dados.

Sobre a segurança, destacou a importância do cuidado por se tratar de informações obtidas em ambiente de telecomunicações e comemorou os resultados alcançados: “Em dois anos, aprimoramos nosso algoritmo para atingir uma taxa de sucesso de 95%”.

Heriberto Tapia é assessor de Pesquisa e Parceria Estratégica do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD/HDRO e falou do levantamento do Índice de Desenvolvimento Humano em todos os países do mundo, destacando que o Brasil é exemplo nesse sentido. “Nos abre possibilidades de entender o IDH em cada parte do mundo, elaborar mapas mais detalhados e subsidiar políticas nos países que não tem um indicador desse tipo”, enfatizou Tapia.

Inovação na produção e integração dos dados

Pela primeira vez, a conferência mais importante do IBGE — organizada desde 1968 — está sendo realizada fora do Rio de Janeiro, em um momento em que o Brasil e o mundo passam por uma mudança nas bases da inovação.

Essa retomada faz parte de uma série de ações transversais de reposicionamento do IBGE como protagonista da governança das geociências e estatísticas, além da interface com os desafios do Estado e da iniciativa privada na busca por informações oficiais históricas, do presente e capazes de antecipar o futuro.

Segundo a professora do Departamento de Geografia da UFRJ, Carla Madureira Cruz, a experiência acadêmica contribui para integrar e qualificar a produção de dados, especialmente diante de demandas cada vez mais rápidas, como as relacionadas às mudanças climáticas. Para ela, modelar bem é essencial para prever cenários.

De acordo com a professora, não basta aplicar matemática: os dados precisam fazer sentido. “O conhecimento sobre o problema vai ser fundamental para escolher as melhores soluções e respostas para as demandas apresentadas. Entender a transformação é fundamental para elaborar bases de dados representativas e pensar em formas de integração”, explicou Cruz.

Organizada pelo IBGE, com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), do Senai Cimatec, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da União dos Municípios da Bahia (UPB), a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) tem patrocínio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e do Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).

Serviço:
Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE)
Tema: Uma proposta de Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas (PGIEG) para o Desenvolvimento do Brasil na Era Digital, no período entre 2026 e 2030.
As mesas internacionais terão tradução.
Data: 3 a 5 de dezembro, em Salvador (BA)
Local: Instalações do SENAI Cimatec e do SESI
Endereço: Av. Orlando Gomes, 1845 – Piatã.