Especialistas discutem a Modernização da Produção Estatística
O tema Modernização da Produção Estatística foi debatido durante a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados CONFEST/CONFEGE em Salvador (BA), na tarde desta quarta-feira (03/12), na mesa organizada pela Diretoria de Pesquisas do IBGE.
A mesa teve como palestrantes o Diretor-Adjunto da Diretoria de Pesquisas do IBGE, Vladimir Miranda, Fábio Senne (Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação), Carlos Eduardo Torres Freire (Diretor do Centro de Ciência de Dados para Estatísticas Públicas (CCDEP / SEADE) e como moderador, o Diretor da Diretoria de Pesquisas do IBGE, Gustavo Junger. Participaram de forma remota, François Lavoie (Diretor-adjunto do Statistics Canada – STATCAN) e Renan Mendes Lopes Gaya dos Santos (Diretor de Estruturação de Dados para Políticas Públicas na Secretaria de Governo Digital do MGI).
A rodada de conversas começou com a apresentação de Vladimir Miranda, que destacou um panorama das práticas estatísticas mais modernas adotadas pelo instituto. Ele relatou que o IBGE tem avançado em diferentes frentes, mas ainda há espaço para avanços mais estruturais. Em relação à modernização, o foco está na adoção de novas metodologias e técnicas na produção estatística, incluindo o uso de fontes alternativas como o acesso a mais registros administrativos e a exploração de Big Data.
Miranda também abordou os desafios futuros, ressaltando a necessidade de legislação específica, além do aprimoramento de processos com o uso da Inteligência Artificial (IA) e o Machine Learning, para o avanço da área nos próximos anos. “É um processo contínuo com múltiplas dimensões. Tem que levar em consideração um planejamento robusto, expandir o que faz enquanto operações são feitas, tudo em paralelo com o plano e as atividades.’’ O diretor adjunto ressaltou que o modelo de pesquisas presenciais enfrenta desafios importantes, mas as pesquisas "seguem fundamentais", disse.
Em seguida, o Diretor adjunto de estatísticas do Canadá, François Lavoie, que participou de forma remota, apresentou a experiência canadense na produção nacional de estatísticas na perspectiva atual, bem como os desafios enfrentados coletivamente na produção de estatísticas confiáveis e relevantes. Ele destacou que é necessário uma governança forte no manejo dos dados – no processo, coleta, metodologia e disseminação – para oferecer precisão e aplicação na economia de escala. “O primeiro desafio é manter a relevância, atendendo às expectativas de abrangência, rapidez e qualidade em um ambiente competitivo. Para isso, precisamos acompanhar as crescentes necessidades de dados, impulsionadas por novas realidades, mudanças de prioridades ou pela necessidade de mais detalhes”, afirmou Lavoie.
Por outro lado, Lavoie também abordou os cenários de mudanças e adaptações gerados a partir do uso das novas tecnologias, bem como os riscos associados e os dilemas éticos. “Meu objetivo é contribuir para o diálogo mais amplo que nos ajudará a compreender nossos desafios e como estamos nos adaptando para servir o público com dados independentes, confiáveis e de alta qualidade”, concluiu o canadense.
Logo após, também de forma remota, foi a vez da apresentação de Renan Gaya, que mostrou o trabalho com dados realizado pelo Ministério de Gestão e Inovação (MGI) e também trouxe reflexões: “Quais são os papéis do governo e dos órgãos. Quem é responsável por definir qual a necessidade e como o dado pode ser usado?”, questionou Gaya. O servidor falou sobre aspectos importantes da infraestrutura de dados que envolvem a governança, catalogação, qualidade, integração das bases de dados, inteligência, privacidade e segurança no ambiente tecnológico. “Devemos conseguir extrair inteligência dos dados para criar políticas públicas mais eficientes. Ainda estamos aprendendo a fazer isso (...) a partir dos dados, extrair valor para melhorar o serviço público. Trabalhar com dados é muito mais sobre serviço público do que algo restrito à Tecnologia da Informação (TI)”, ponderou. Ele também abordou o conceito de ecossistema de dados e a importância de não lidar com o dado de forma bilateral, citando a integração de programas como o Passe Livre, Bolsa Família, Id Jovem, com a Identidade, BPC, E-Social e CadÚnico. As iniciativas de dados no MGI podem ser conferidas no link: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/infraestrutura-nacional-de-dados/
Carlos Torres Freire, diretor do Centro de Ciência de Dados para Estatísticas Públicas, destacou o uso registros digitais e novas ferramentas computacionais para a produção de estatísticas públicas. Ele apresentou informações sobre a junção de novas fontes de dados e relatou a experiência, na fundação SEADE, em São Paulo, na produção de indicadores a partir de pesquisas de percepção com a população usando coleta automatizada. Torres também mencionou a produção de indicadores de mobilidade urbana a partir de dados de telefone móvel e bilhetagem eletrônica.
Por fim, Fábio Senne encerrou as palestras da mesa com uma apresentação focada no acesso e uso das tecnologias digitais e da internet no Brasil. “Assim como a internet nasceu de uma forma multissetorial, entre uma colaboração do setor privado, do setor público, da sociedade civil, a produção de dados também pode seguir esse mesmo DNA”, destacou. O servidor também mostrou casos de uso de fontes alternativas às pesquisas tradicionais para complementar ou para melhorar o processo estatístico – como a raspagem de dados online, o uso de bases que são não probabilísticas, desestruturadas, não tradicionais, para a produção de dados tradicionais.
A Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) é o maior evento nacional de estatísticas e geociências e um dos mais importantes do mundo nessa área. O encontro tem por objetivo ampliar o diálogo do Instituto com a sociedade, aproximando produtores e usuários de dados e estatísticas produzidos pelo IBGE, bem como avaliar os processos de produção, disseminação e de utilização de informações de natureza estatística e geográfica, visando revisar e aperfeiçoar o Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas – PGIEG. Pela primeira vez, a conferência mais importante do IBGE — organizada desde 1968 — será realizada fora do Rio de Janeiro, em um momento em que o Brasil e o mundo passam por uma mudança nas bases da inovação.
Essa retomada faz parte de uma série de ações transversais de reposicionamento do IBGE como protagonista da governança das geociências e estatísticas, além da interface com os desafios do Estado e da iniciativa privada na busca por informações oficiais históricas, do presente e capazes de antecipar o futuro.
Organizada pelo IBGE, com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), do Senai Cimatec, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da União dos Municípios da Bahia (UPB), a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) tem patrocínio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e do Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).
Serviço:
Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE)
Tema: Uma proposta de Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas (PGIEG) para o Desenvolvimento do Brasil na Era Digital, no período entre 2026 e 2030.
As mesas internacionais terão tradução
Data: 3 a 5 de dezembro, em Salvador (BA)
Local: Instalações do SENAI Climatec e do SESI
Endereço: Av. Orlando Gomes, 1845 – Piatã.