Transversalização de Gênero em Institutos de Estatística é tema de mesa na CONFEST/CONFEGE
Na manhã desta quinta-feira (04/12), o tema Transversalização de Gênero em Institutos de Estatística: Desafios, Inovações e Caminhos de Cooperação foi debatido durante a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados CONFEST/CONFEGE em Salvador, Bahia, na mesa organizada pela Gerência do Apoio à Implementação do Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (GSINGED – IBGE). Moderada pela servidora do IBGE, Dalea Antunes, a mesa teve como palestrantes Andrea Llerena, Andrea Ramirez, Karen García Rojas, Márcia Contreras.
Na sua apresentação, a assessora Regional de Estatísticas na ONU Mulheres, no escritório regional para as Américas e o Caribe, Andrea Llerena, destacou que o debate sobre a transversalização de gênero traz oportunidades para a produção de estatísticas, não só desafios. “Pude ressaltar na apresentação as oportunidades e aprendizados obtidos nas oficinas nacionais de estatística sobre como transversalizar o enfoque de gênero em toda a produção estatística, não apenas quando já temos a pesquisa ou o registro administrativo coletado, mas desde as necessidades, desde o desenho da pesquisa, para garantia que estejam alinhados, por um lado, às necessidades ou aos planejamentos dos países, e por outro lado, gerar insumos para melhorar a vida das pessoas”, comentou.
Karen García Rojas, oficial de Estatísticas da Divisão de Assuntos de Gênero da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), abordou os avanços normativos possibilitados pelos diálogos institucionais entre os países. “A América Latina e o Caribe é uma região cuja institucionalização tem permitido um desenvolvimento frutífero das estatísticas de gênero através da articulação entre a Conferência Estatística das Américas e a Conferência Regional sobre a Mulher. Temos vários trabalhos recentes, como a Guia de Transversalização para a Inclusão da Perspectiva de Gênero na Produção Estatística, com a participação do Brasil, além de ferramentas que apresentamos há pouco no México, no Encontro Nacional de Estatística, com esse fim. Aqui, conversamos sobre onde seguir avançando na inclusão da perspectiva de gênero, de forma coerente, em todo o processo de produção estatística”, mencionou Rojas.
Márcia Contreras, pesquisadora da Oficina Nacional de Estadística (ONE) da República Dominicana, abordou as iniciativas do seu país. “O Sistema Nacional de Estatística da República Dominicana assumiu o compromisso de institucionalizar o enfoque de gênero na produção estatística desde o ano de 2007, como uma resposta aos compromissos internacionais e regionais que estão sendo estabelecidos, que requerem do sistema estatístico nacional a produção de estatísticas que podem agregar sexo e outras variáveis relevantes. Ao longo dos anos, tivemos avanços sistemáticos: temos uma política de tranversalização do enfoque de gênero nas estatísticas oficiais, uma estratégia nacional para a produção de estatísticas com enfoque de gênero, além de um plano de capacitação. Também avançamos muito na produção, incorporando, por exemplo, módulos sobre o uso do tempo, questionamentos sobre a situação de mulheres que vivem a violência, além de produção de estatísticas empresariais com enfoque de gênero”, disse.
A geógrafa e coordenadora da Comissão de Gênero do IBGE, Dalea Antunes, afirmou que as experiências compartilhadas pelas palestrantes podem ser adaptadas ao Brasil. “Em 2024, o IBGE aprovou uma normativa para a tranversalização de gênero em toda a cadeia produtiva da nossa instituição. Hoje, conseguimos ver as principais guias e protocolos apresentados pelas convidadas da ONU, da Cepal e da República Dominicana que participaram desta mesa. Não precisamos inventar a roda, pois já foi traçado um caminho, adaptado às realidades de cada país, que a gente pode aproveitar. A República Dominicana, por exemplo, criou um grupo de trabalho que está fazendo oficinas com toda a rede de produção de estatística do seu instituto. Para o IBGE, esse foi um ponto chave, porque elas já têm documentações que podem contribuir com os trabalhos da nossa recém-criada Comissão de Gênero”, ressaltou.
Sobre a CONFEST/CONFEGE
A Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) é o maior evento nacional de estatísticas e geociências e um dos mais importantes do mundo nessa área. O encontro tem por objetivo ampliar o diálogo do Instituto com a sociedade, aproximando produtores e usuários de dados e estatísticas produzidos pelo IBGE, bem como avaliar os processos de produção, disseminação e de utilização de informações de natureza estatística e geográfica, visando revisar e aperfeiçoar o Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas (PGIEG).
Pela primeira vez, a conferência mais importante do IBGE — organizada desde 1968 — é realizada fora do Rio de Janeiro, em um momento em que o Brasil e o mundo passam por uma mudança nas bases da inovação.
Essa retomada faz parte de uma série de ações transversais de reposicionamento do IBGE como protagonista da governança das geociências e estatísticas, além da interface com os desafios do Estado e da iniciativa privada na busca por informações oficiais históricas, do presente e capazes de antecipar o futuro.
Organizada pelo IBGE, com apoio do Governo do Estado da Bahia, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), do Senai Cimatec, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da União dos Municípios da Bahia (UPB), a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE) tem patrocínio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e do Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).
Serviço:
Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados (CONFEST/CONFEGE)
Tema: Uma proposta de Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas (PGIEG) para o Desenvolvimento do Brasil na Era Digital, no período entre 2026 e 2030.
As mesas internacionais terão tradução.
Data: 3 a 5 de dezembro, em Salvador (BA)
Local: Instalações do SENAI Cimatec e do SESI
Endereço: Av. Orlando Gomes, 1845 – Piatã.