Alfabetização por raça e sexo no brasil: um modelo linear generalizado para explicar a evolução no período 1940-2010

Kaizo Iwakami Beltrão, Fundação Getúlio Vargas


Resumo:

As barreiras cognitivas impedem o avanço dos grupos sociais menos afluentes. Depois da linguagem falada, é a linguagem escrita a fronteira mais básica a ser transposta para exercer uma real cidadania. Este trabalho apresenta e analisa as taxas de alfabetização da população brasileira tal como mensurada nos censos entre 1940 e 2010. Sempre que possível, desagrega essa informação por cor ou raça (o quesito de cor ou raça só não foi levantado no censo de 1970). O quadro é de uma discrepância que diminui no tempo, e de alguma forma muito mais rapidamente para as mulheres. Quando se considera o agregado da população, a taxa de alfabetização feminina superou a masculina já no censo de 1991. Existe uma clara hierarquização nos níveis de alfabetização das diferentes categorias de raças ou cores consideradas nos censos brasileiros: amarela, branca, parda, preta e indígena (nota-se um problema com a declaração de cor/raça em 2010). Um modelo linear generalizado com função de ligação logito e distribuição binomial é ajustado, confirmando os comentários já realizados e quantificando a intensidades das diferenças.