Modernização da componente vertical do Sistema Geodésico Brasileiro e sua contribuição para o monitoramento do nível médio do mar

Estratégias para a conexão dos segmentos da Rede Vertical Fundamental do Brasil baseada em novos métodos e plataformas da Geodésia

Silvio Rogério Correia de Freitas


Um marco significativo da Geodésia foi o estabelecimento do “United Nations Global Geospatial Information Management (UN-GGIM). Em fevereiro de 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas tornou pública sua primeira resolução relativa as informações geoespaciais - ”A global geodetic reference frame for sustainable development” – reconhecendo a importância da abordagem da Geodésia moderna coordenada globalmente. Neste sentido certamente contribuíram os esforços e estratégias da “International Association of Geodesy (IAG)” principalmente consolidadas pelo “Global Geodetic Observing System (GGOS)”, um marco fundamental na coordenação de ações e estabelecimento de diretrizes para a Geodésia, sustentado sobre as Comissões, Inter Comissões e Serviços da IAG. O GGOS é principalmente voltado para o provimento de informações do sistema Terra voltados para o desenvolvimento sustentável, bem como a previsão e mitigação dos efeitos de catástrofes naturais. Como ações centrais do GGOS estão estabelecidos: Tema 1 – Sistema de Altitudes Global; Tema 2 – Monitoramento de catástrofes naturais; Tema 3 – Mudanças do nível do mar, variabilidade espacial e previsão climática. O SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas) é parte da IAG como Sub-Commission 1.3b -“Regional Reference Frames”. O SIRGAS Grupo de Trabalho III (Datum Vertical) foi estabelecido em 1997 a partir da percepção de que era uma necessidade premente a modernização das Redes Verticais na região e sua realização física vinculada ao geopotencial. Desde então, o SIRGAS GTIII vem participando nos esforços para o estabelecimento de uma Rede Vertical de Referência unificada para a América do Sul e Central e com possível extensão ao Caribe e suas integrações ao recentemente disposto (Resolução 1 da IAG - julho de 2015) “Definition and realization of an International Height Reference System (IHRS)”. Dentro deste contexto confronta-se as características do Sistema Vertical de Referência do Brasil (SVRB) e sua rede (RVRB) composta por duas sub-redes verticais distintas, sem significado físico pleno, e desvinculadas do IHRS. A RVRB possui no Datum Vertical Brasileiro de Imbituba (DVB-I) – Sul do Brasil e no Datum Vertical Brasileiro de Santana (DVB-S) – Norte do Brasil. Esta dicotomia decorre principalmente das dificuldades dos métodos convencionais fazerem face às fortes limitações impostas por ambientes inóspitos tal como a da conexão dos dois segmentos na região da foz do Rio Amazonas. Assim percebe-se as dificuldades intrínsecas relativas ao SVRB e RVRB bem como atividades mais imediatas relativamente sua integração a outras redes da América do Sul no contexto do SIRGAS e em um sentido mais amplo aos pressupostos do GGOS e do UN-GGIM. No entanto, novas possibilidades têm sido evidenciadas para a conexão de Redes Verticais com base em novos métodos da Geodésia e bases de dados globais constituídas principalmente a partir de esforços coordenados e novas missões de aquisição de dados baseadas principalmente em plataformas orbitais, tais como a associação de posicionamento GNSS em associação com Modelos Globais do Geopotencial (MGGs) e Modelos Digitais de Altitude (MDA) no espaço do geopotencial. Estas possibilidades para fazer face aos problemas de conexão dos segmentos da RVRB bem como sua integração com outras redes no contexto SIRGAS e com o IHRS serão discutidas na apresentação.